sexta-feira, 26 de abril de 2013

Capítulo 9 - The harder the rules became

Acordei com o sol batendo em meu rosto, mas minha cabeça doía demais para que eu abrisse os olhos. Fiquei me revirando na cama por mais alguns minutos... Ou horas, não sei direito. Finalmente tomei coragem e abri e parecia que tinham acendido todas as luzes do mundo direto na minha cara, puxei o travesseiro e cobri o rosto. Levantei-me devagar e fui tomar banho. Ao sair encostei minha cabeça no espelho sobre a pia e fechei os olhos. Esforçava-me para lembrar o que acontecera na noite anterior, mas tudo que tinha eram fragmentos. Gritos, Dave batendo em alguém, pegando na minha bunda...
Meus pensamentos foram interrompidos pelo telefone e por um momento considerei não atender, mas o barulho irritante só fazia com que minha cabeça doesse mais.
– Delilah, é o Dave.
– Oi, o que você quer?
– Só liguei para saber se você estava viva. – Não, meu fantasma que te atendeu.
– Estou, agora você já pode desligar.
– Tá bom, tchau.
– Tchau. – Fiquei esperando ele desligar o telefone, mas ainda podia ouvir sua respiração. – Ligou só para isso?
– Foi.
– Então por que não desliga o telefone?
– Desliga você.
– Não, desliga você.
– Você não manda em mim, eu não vou desligar. – Ele já estava me irritando.
– Desliga logo a porra do telefone, Mustaine.
– E se eu não quiser desligar, caralho?
– Então eu desligo. Tchau.
– Não, eu desligo. – Ri.
– Ah, vai se foder.
– Você deveria me agradecer por ontem. – Bati o telefone no gancho, com força e me sentei à cama. O que ele quis dizer com aquilo? Respirei fundo e puxei o telefone para meu colo, me estiquei até o criado-mudo e abri a gaveta. Tive que me esticar ainda mais para conseguir pegar a agenda. Poderia ligar para Ellefson, mas com certeza o acordaria. Liguei para Dave, que demorou a me atender.
– Alô?
– É a Delilah. – Pude ouvi-lo rir.
– Você de novo?
– O que aconteceu ontem?
– Eu vou até aí te contar.
– Não.
– Por que não?
– Não quero você na minha casa.
– Então fica sem saber. – Ficamos em silêncio por alguns segundos e eu suspirei.
– Tá bom, pode vir. – Desliguei o telefone e me deitei no sofá. Não tinha se passado nem cinco minutos e bateram à porta. Não era possível que fosse Dave, a casa dele não era tão perto assim da minha. Levantei e abri a porta. Dijon estava parado sorrindo para mim.
– Olá! – Ele disse me abraçando. – Como você tá?
– Bem e você?
– Estou bem.
– Entra. – Pedi e indiquei o sofá para que sentasse.
– Como você tá levando a vida? – Ele bateu no assento vago ao seu lado e me sentei.
–Ah, só o que você já sabe. Perdi o emprego por culpa do Mustaine e estou tentando sobreviver.
– Todo mundo perde o emprego por culpa dele.  – Nós rimos. Dave abriu a porta violentamente e gritou:
– CHEGUEI! – Ele tirou o sorriso do rosto e ficou encarando Dijon.
–Claro, pode entrar. Sinta-se à vontade.– eu disse irônica, mas Dave me ignorou.
– O que ele tá fazendo aqui? – ele não gritava, mas estava quase lá.
–Veio me ver. – eu disse me aproximando dele.
– Não era para você estar falando com ele.
– Por quê?
– Ele é o inimigo. – Dijon deu uma gargalhada alta e nós o encaramos.
–Relaxa, cara.
– Dave, você é patético. – eu o empurrei na direção do sofá e ele se sentou. Debrucei-me sobre o parapeito da janela e chamei Dijon.
– Vocês estão tendo alguma coisa?
– Não, claro que não. – ri. – Ele só deve estar ficando maluco mesmo.
Toda vez que olhávamos para Dave, ele estava nos encarando de cara amarrada. Estava começando a me irritar e Dijon deve ter se sentido incomodado, pois não ficou por muito mais tempo.
– Eu tenho que ir. – ele disse olhando para Dave mais uma vez. – É melhor, antes que o outro ali me ataque. – nós rimos e fomos em direção à porta. – Eu venho te ver de novo. – assenti e acenei para ele. Fechei a porta e sentei ao lado de Dave.
– Pronto, agora você pode falar.
– Agora você pode falar comigo? – ele parecia mais irritado do que eu imaginara.
– Você parece uma criança. – Dave bufou. – Me conta o que aconteceu ontem.
– Agora você vai ficar querendo saber.
– Sério? Você esperou esse tempo todo para não me contar? – ele se levantou para ir embora, mas fui mais rápida e entrei na frente da porta, o impedindo de abrir.– Não vai sair daqui até me dizer o que aconteceu.
– Então vamos ficar aqui por muito tempo. – disse cruzando os braços. Ficamos nos olhando até ele aproximar o rosto do meu. Tapei sua boca.
– O que você pensa que está fazendo?
– Não é óbvio? – ele tirou minha mão de sua boca, pôs a dele em minha nuca e me beijou. Eu não cedi exatamente, mas também não o impedi. Logo depois beijou meu pescoço e eu o empurrei.
– Para!
– Não. – Dave me segurou pela cintura pressionando meu corpo contra a porta e voltou a beijar meu pescoço enquanto eu estapeava suas costas. Entrelacei meus dedos entre seus cabelos, puxei com força e ele gemeu de dor. – É assim que eu gosto. – o encarei e ri.
– Mas é mesmo uma moça.
– Cala a boca. – continuou a beijar meu pescoço e passou a mão na minha bunda, tentou me beijar, mas mordi sua língua e o empurrei.
– Se você se aproximar de mim eu vou gritar.
– Você não vai fazer isso.
– Tenta a sorte. – ele se aproximou. Um passo de cada vez. – Um... Dois... Três. – gritei com toda força que consegui. Dave pôs a mão em minha boca e sussurrou ao meu ouvido:
– Cala... a boca. –senti frio na barriga e me arrepiei ao ouvir sua risada. Ele beijou minha orelha lenta e delicadamente. Puxei sua blusa aos poucos e a tirei. Como você se entrega fácil, Delilah. O beijei novamente e arranhei suas costas enquanto ele apertava minha nuca. Uma voz em minha cabeça dizia que eu deveria bater nele, morder ou qualquer coisa que o fizesse parar, mas meu corpo dizia o contrário. Dave puxou meu cabelo, inclinando ainda mais minha cabeça, pôs a outra mão em meu seio enquanto eu chupava sua língua. Ele desceu beijando do meu pescoço até meus seios e os apertou. Gemi baixo ao seu ouvido e mordi sua orelha. Bateram à porta.
– Dave... – eu disse baixo. Dave agiu como se nada tivesse acontecido, estava abaixando um lado da minha blusa e beijando meu ombro. – Dave, eu tenho que atender.
– Não. – ele me imprensou contra a porta enquanto procurava o fecho do meu sutiã.
– Dave! –o empurrei e ele bufou. Puxei de volta a alça da blusa e abri a porta. – Vovó! – ótima hora para aparecer. – O que você está fazendo aqui? Não sabia que viria. – perguntei a abraçando.
– Tem que avisar agora para visitar minha netinha?
– Claro que não, entra.
– AH, MEU DEUS! QUE É ISSO? – minha avó gritava olhando para Dave, mais precisamente para suas calças. – ESCONDE ISSO, MENINO! E VÊ SE PÕE UMA CAMISA. – Dave a olhava assustado enquanto eu ria. Ela se voltou para mim. – Filha, esse é seu namorado? Você não me disse que tinha um namorado.
– Não, vó. Ele não é meu namorado.
– Tudo bem, filha. Não precisa ter vergonha. Ele é feio, mas se você gosta dele, não tem problema nenhum. – eu acho que ri alto demais, porque os dois me encaravam.
– Ele não é meu namorado, vó. E já estava indo embora, né?
– É. – Dave se abaixava para pegar sua camisa que estava jogada no chão. – Tchau. – ele ficou me olhando, como se esperasse que eu fosse beijá-lo ou algo do tipo.
– Mas não precisa ir embora. – ótimo, agora minha avó queria socializar com ele. – Venham, eu trouxe lanche. – ela disse indo à cozinha. Dave me olhava com um sorriso sarcástico no rosto.
– Cala a boca, babaca.
– Mas eu nem falei nada. – ele respondeu rindo enquanto botava a camisa. Fui para a cozinha e Dave me seguiu, sentou-se à mesa e ficou me olhando.
– Menina, você não come, não? – disse minha avó, que estava olhando minha geladeira. – Vem me ajudar.  – me aproximei dela e pus as mãos sobre a pia.
– O que você quer que eu faça?
– Na verdade, eu só queria falar que ele parece ter um bem grande. – ela sussurrava para mim.
–Um o que vó?
– Você sabe... dote. – me controlei para não rir da cara dela. Minha avó estava mesmo prestando atenção no pinto do Dave?
Ela tirou um bolo de dentro da sacola que trouxe, cortou um pedaço e levou para ele.
– Qual o seu nome menino?
– Dave.
– Dave? Mas que nome de marginal.
– É David, vó. – eu disse me sentando na cadeira de frente para ele.
– David, claro. David de que?
– Mustaine. – Ele respondeu.
– Pelo menos alguma coisa bonita. Agora coma esse bolo, e come tudo pra ver se você deixa de ser tão magricela. – eu ri e Dave me encarou. – Senta ao lado do seu namorado, querida.
– Ele não é meu namorado, vó.
– Não? – Perguntou Dave.
– Não.
– Não é assim que se trata seu namorado. Senta do lado dele, vai. – a essa altura eu já tinha desistido de contrariá-la. Levantei-me e sentei na cadeira ao lado do Mustaine e minha avó sentou de frente para nós. – Quantos anos você tem, David?
– Vinte e dois.
– Nossa, a Delilah é tão novinha. Você sabia que ela é virgem? – senti meu rosto queimar e o cobri com a mão. Dave me olhava, se segurando para não rir.
– Claro. Eu cuido muito bem dela. – ele botou a mão em minha coxa e acariciou. Empurrei-a com força e ele riu.
– Por isso você não tem namorados legais. É tão grossa com eles. Até o David vai te largar se você continuar assim. Vai achar uma menina delicada para cuidar dele.
– Sua avó tá certa. Você não me dá carinho, fica socializando com o inimigo e é selvagem demais. – cruzei os braços e o encarei.
– Não é assim que você gosta? – ele riu.
– Depende da situação.
– Filha, você é virgem? – ignorei-a e respirei fundo.
– Vó, o que você veio fazer aqui?
– O casamento da sua prima é amanhã e você ainda não experimentou o vestido.
– Vestido? – Dave perguntou e nós o ignoramos.
–Eu já disse que não vou, vó. – ela me ignorou e o tirou da bolsa.
– Vá experimentar. – levantei emburrada e olhei para Dave, que riu. – Você fica aqui, menino. – o vestido era longo e azul-marinho, com decote nas costas que ia até quase minha bunda. Depois de muito esforço para que ele passasse por meus peitos, me olhei no espelho e revirei os olhos. – Você está ainda mais linda, minha filha.
– Tá, posso tirar?
– Mas e seu namorado? Não quer que ele veja?
– Pra que?
– Tudo bem, então. Tire. – tirei o vestido, o joguei em cima da cama e voltei para a cozinha.
– Ué, cadê? Eu sou o namorado, tenho que ver também.
– Vai ficar querendo. – mostrei a língua pra ele, que riu.
– Eu disse a ela para te mostrar, mas sabe como a Delilah é. – me sentei ao lado dele e apoiei os braços sobre a mesa. – Filha, deveria levá-lo ao casamento. – ela não podia ter dito isso. Não, tudo menos isso.
– Ele não tem tempo.
– Quem disse? – indagou Dave.
–Eu estou dizendo.
– Então você vai? – minha avó perguntou animada.
– Mas é claro. – ele disse ao tentar me abraçar.
– Já tá na hora de você ir embora, não acha? – perguntei o encarando com raiva. Dave olhou para o relógio de parede e suspirou.
– Parece que sim.
– Arrume um terno, David. Não quero você no casamento com essas blusas esquisitas que vocês têm.
– Claro. – ele estava em pé me olhando. – Vem comigo até a porta, amor?
– Por que, suas pernas estão quebradas? Ah, não estão. Quer que eu as quebre para você? – minha avó me encarava em reprovação. Levantei-me e o puxei pelo braço até a porta.
– Que horas eu venho te buscar amanhã?
– Eu não vou, muito menos você. – ele riu.
– Claro, porque sua avó não vai te obrigar a ir. – respirei fundo. Ele tinha razão, eu seria obrigada a ir, e se fosse para aturar tudo aquilo, por quê não com companhia?
–Cinco da tarde. E não se atrasa.
– Não vou. – Dave já estava no corredor. Passou a mão em meu rosto e se aproximou para me beijar, mas eu virei e ele acabou beijando meu cabelo. – Agora pouco você estava gemendo ao meu ouvido, mas não me dá um beijo? – revirei os olhos e bati a porta na cara dele. A última coisa que eu precisava agora era que ele percebesse que eu tinha ficado com vergonha.

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